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A humanidade no Século XXI

Postado por Administrador em 17/Set/2016 -

RESUMO

19o CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICODRAMA “A Humanidade no século 21”
RECURSOS METODOLÓGICOS DO PSICODRAMA NO PROCESSO DE COACHING GRUPAL
SIRLENE APARECIDA FABRIS COSTA

O presente artigo propõe uma análise e reflexão da aplicação de recursos metodológicos do Psicodrama no processo de Coaching grupal. Os relatos de diferentes estudos e iniciativas de trabalhos internacionais têm mostrado, da mesma forma, a eficácia dos recursos psicodramáticos, particularmente no que se refere ao uso do teatro, trabalho em grupo no desenvolvimento da liderança nas organizações, como por exemplo, nas habilidades de comunicação, gestão de conflitos e construção de relacionamentos. O objetivo é apontar quais os recursos metodológicos do Psicodrama no contexto de atuação e formas de intervenção no processo de Coaching grupal, visando contribuir para uma melhor compreensão de sua prática e seus resultados. A temática do Coaching vem se constituindo, tanto por uma perspectiva teórico-metodológica, uma preocupação atual com o ser humano como potencial de mudança e desenvolvimento no meio organizacional. O estudo buscou uma reflexão para a seguinte questão: quais os principais recursos metodológicos do Psicodrama que estão presentes no Coaching grupal? Conclui-se que a investigação propiciou uma reavaliação dos recursos metodológicos do Psicodrama e identificou a necessidade de avanços no desenvolvimento profissional do Coach como facilitador e coordenador grupal nas organizações.
Palavras-chave: Processo grupal. Psicodrama. Coaching de Grupo.

INTRODUÇÃO

A proposta desta pesquisa encontra suas bases nas discussões atuais sobe o desempenho profissional por meio da metodologia dos recursos psicodramáticos e o processo de Coaching. Neste cenário, a educação faz parte hoje de um contexto mutável. Aprender, ensinar e gerenciar conflitos se tornam sinônimos de crescimento profissional nas organizações e nas instituições de ensino. Para isso, as mudanças individuais estão sendo o centro de tudo o que é feito nas organizações com foco no grupo ou equipe.
Jacob Levi Moreno, médico austríaco, criador do Psicodrama, propõe a investigação dos indivíduos em suas relações relacionando sua metodologia no processo de Coaching que é um processo utilizado na capacitação e desenvolvimento de pessoas, objetivando aperfeiçoar seu desempenho nos papéis profissionais que lhe cabem nas organizações. A principal transformação qualitativa buscada com o Coaching é permitir que o profissional desenvolva sua percepção sobre si mesmo, sobre aqueles com quem se relaciona e sobre o contexto onde atua. O Coaching dinamiza as relações profissionais, pessoais e os papéis relacionados. O Psicodrama pode ser aplicado com sucesso no processo de Coaching grupal, pois propicia ao indivíduo expressar livremente as criações do seu mundo interno, realizando-as na forma de representação de papéis.
Uma das atividades mais importantes do ser humano, enquanto indivíduo que vive em sociedade, com capacidade para sentir, pensar e agir, é a de primeiro melhorar a si próprio e consequentemente o grupo(s) que está inserido. Neste cenário onde cada um enquanto indivíduo e enquanto integrante de grupo (s) desempenha de maneira personalizada o papel e assim, desenvolve as relações interpessoais. Pensando nas relações, percepções, reações e sentimentos nasceram o interesse de se pesquisar Coaching, relações grupais e Psicodrama. Desta maneira, o processo de Coaching grupal vem somar a esta investigação enquanto campo de estudo e desenvolvimento.

DESENVOLVIMENTO

Um programa de Coaching individual ou grupal numa organização visa ajudar os indivíduos a desenvolverem novas atitudes e competências ao atingir as metas organizacionais, assim como nas suas dificuldades relacionais. A partir do Psicodrama, uma abordagem teórica-metodológica, investiga e intervêm nas relações interpessoais – sejam nos grupos ou pessoa consigo mesma. Fundamentado na ação e no princípio da espontaneidade de J. L. Moreno, o Psicodrama promove a liberdade e estimula a criatividade na produção dramática, podendo ser interpretado pelo Colchee no processo de desenvolvimento de competências.
Importante conceituar a terminologia do Coaching: Coach – profissional que faz/facilitador do processo; Coaching – processo; Coachee – quem se submete ao processo ao Coaching.
O termo Coach vem da palavra coche, do inglês medieval, que significava carruagem e a idia de transportar. Ainda hoje, tem o significado de auxiliar as pessoas a transitar de um estado atual para um outro desejado no desempenho profissional.
O Coaching é um processo utilizado na capacitação e desenvolvimento de pessoas objetivando aperfeiçoar seu desempenho nos papéis profissionais que lhe cabem nas organizações.
Para Timothy Gallwey, Coaching é uma relação de parceria que revela e liberta o potencial das pessoas, de forma a maximizar o seu desempenho. É ajudá-las a aprender, ao invés de ensinar algo a elas.

A principal transformação qualitativa buscada com o Coaching é permitir que o profissional desenvolva sua percepção sobre si mesmo (a percepção), sobre aqueles com quem se relaciona e sobre o contexto onde atua. A percepção ampliada e aprofundada das situações vividas no campo profissional, ajuda na análise, diagnóstico e processos decisórios do dia a dia das organizações.
Na metodologia psicodramática, o Coachee pode se conectar com a emoção e o sentimento vividos nos papéis e, por meio de investigação racional, rever sua forma de agir no mundo. Nesse processo de revisão ele dissolve as cristalizações de seu modo cotidiano de agir quando desempenha seu papel profissional. O diferencial do Psicodrama no Coaching está na possibilidade de transformar a ação por meio de sua reflexão. A ação conectada ao pensar e ao sentir facilita viver os papéis e potencializa o Ser Humano nas suas relações consigo mesmo e com os outros.

Conviver é viver em grupo, é partilhar a vida. Em todo grupo constituído existe a necessidade de conviver, de aprender a conviver e isso determina um processo de socialização. Moreno nos traz essas definições de uma forma renovada e criadora, que na verdade é uma das marcas do pensamento Moreniano: renovar e criar. (MORENO, 194

A espontaneidade para Moreno (1941): é a capacidade de agir de modo adequado diante de situações novas, criando uma resposta inédita ou renovadora, ou ainda transformadora de situações pré-estabelecidas. Dentro destas novas concepções, a espontaneidade e a criatividade, vem ocupando um destaque nas organizações. Para o desenvolvimento destas, citamos como metodologia os recursos do Psicodrama no processo de Coaching, como um facilitador deste aprendizado e que possibilita um encontro com o eu espontâneo, com formas diferentes de criar e recriar.

A aplicação do Psicodrama no processo de Coaching grupal é uma intervenção profissional existente desejada e este processo poderá facilitar à medida em que ele oferece recursos metodológicos que facilitam a consciência e mudança do comportamento do indivíduo dentro da organização. Conforme J. L. Moreno, o criador do Psicodrama, a palavra drama é de origem grega e significa ação. “Psicodrama pode daí ser definido como o método que penetra a verdade da alma através da ação. A catarse que ele provoca é por isso uma “catarse de ação”. (MORENO, 1941 pg. 102).

Etimologicamente, Coaching vem de Coach, palavra antiga, de húngara, onde foi desenvolvida, numa pequena vila, a carruagem coberta chamada koczi, idealizada para proteger seus habitantes das intempéries regionais ao serem transportados de um lugar para outro (HENDRICKSON citado por STERN, 2004). Utiliza-se como método psicodramático, cinco “instrumentos” e todos podem ser desenvolvidos na sessão de Coaching: o cenário, o protagonista, o diretor terapêutico, egos-auxiliares e o público.

“O cenário é o espaço reservado ao cliente para reencontrar- se, ali poderá através da liberdade de expressão e vivência, trabalhar seus conteúdos psicológicos. É visto como uma ampliação da vida real. Esta construção surge a partir da necessidade do cliente. O protagonista é o cliente, seu papel é representar a si mesmo no cenário. Ele deve atuar livremente, usando da espontaneidade para facilitar a ação dramática. O diretor é o terapeuta, quem inicia a sessão, e promove o aquecimento do protagonista e outros. Egos-auxiliares são uma extensão do diretor ou do protagonista. Podem atuar junto ao protagonista, auxiliando nas atuações psicodramáticas. O público são as pessoas que participam da sessão. Ele pode auxiliar o paciente como também vir a ser paciente. “…o público se vê a si mesmo representado no palco…” (MORENO, pg, 104).

Com relação a Ego-auxiliar e o público, estes não estão presentes no processo de Coaching, onde o foco pode ser individual e grupal. A sessão psicodramática por meio de suas fases: aquecimento, dramatização e comentários e análise: o aquecimento tem como objetivo criar condições favoráveis à representação. São dois tipos: o aquecimento inespecífico visa diminuir os estados de tensão, promove a interação entre os participantes. O aquecimento específico visa aquecer o protagonista emergente do grupo, facilitando para que este tenha condições de dramatizar. A dramatização é a ação do protagonista. Neste momento ele participa da representação. Neste momento o Colchee pode expressar seus conflitos encontrados no dia a dia na organização. Os comentários e análises são a fase final da sessão psicodramática e neste momento o Diretor e todos os participantes fazem uma análise geral, promovendo a compreensão da ação do protagonista. Aqui o Coach e o Colchee podem fazer um levantamento do que foi expresso e trabalhado e muitas vezes utilizam tarefas de “casa”, que serão revistas na próxima sessão.

A Federação de Coaching Internacional (ICF) define Coaching como uma relação contínua que ajuda as pessoas e por meio de um processo de Coaching grupal as pessoas/profissionais aprofundam seu aprendizado, otimizam seu desempenho e melhoram a sua qualidade de vida. O Psicodrama nas organizações tem como objetivo dar suporte e apoiar alguém a atingir determinado resultado ou seguir um caminho.

As etapas do processo de Coaching foram; Coleta de dados – contrato, explicação do processo e das ferramentas; Desenvolvimento – início do trabalho; 5
Metas – planejamento e definição das metas; Manutenção – gerenciamento dos obstáculos. O processo pode requerer qualquer tipo de mudança, transformação: atitudes e hábitos, habilidades em desenvolvimento, preparar-se e desenvolver-se para tarefas futuras, definir e implementar liderança, metas de negócios e estratégias. E a metodologia psicodramática visa a liberação da espontaneidade dos indivíduos, possibilitando aos envolvidos a busca da verdade, de maneira construtiva neste processo de mudança pessoal através do grupo.
Os comentários e análise é a fase final da sessão psicodramática. Neste momento o diretor e todos os participantes fazem uma análise geral, promove a compreensão da ação do protagonista. Segundo Moreno, o Psicodrama herdou algumas regras do Teatro de Improvisação. Neste não há um manuscrito, ou história, tudo é criado ali. Todo o processo é experimental e pioneiro. O presente é o foco e o passado é descrito no atual. Ou seja, a dramatização é orientada para o presente. Podemos citar alguns recursos metodológicos que foram usados no processo de Coaching, segundo definição de Moreno (2006):
Solilóquio: “é a reprodução de pensamentos e sentimentos escondidos através de diálogos ou atuações colaterais, paralelos às cenas e ideias da ação principal. O protagonista permanece em cena” (127).

Duplo: “O ego-auxiliar dá ao paciente como que um segundo “eu”: atua como se fosse a mesma pessoa e imita cada gesto e cada movimento do paciente. O ego- auxiliar “duplica” o paciente e com isso o ajuda a sentir-se a si mesmo, a ver e auxiliar os próprios problemas” .
Espelho: “Este método é utilizado quando o paciente é incapaz de se apresentar em palavras e atos. Um ego-auxiliar coloca-se na parte da sala reservada para a ação (no palco), enquanto o paciente permanece junto ao grupo”. (128).
Inversão de papéis: A intenção é conseguir uma representação tão honesta e intensa quanto possível. O protagonista é levado a representar um papel complementar, enquanto um ego-auxiliar assume o papel do primeiro, trocando de lugar com ele. (128).
Interpolação de Resistências: este método visa “contrariar” disposições conscientes e rígidas do protagonista. Permite ao cliente ter acesso a novos pontos de vista, mais flexibilidade em suas posições relacionais e buscar caminhos mais produtivos para sua tele-sensibilidade.

Concretização: Pede-se ao cliente para mostrar, concretamente, o que certas emoções, conflitos, partes do corpo, doenças e outras fazem com ele e como – através de imagens, movimentos e falas dramáticas. Maximização: Pedir ao cliente que “maximize um gesto, uma fala, uma postura corporal ou qualquer sinal destoante do resto de sua comunicação, quando ela soa estereotipada, formal, estéril”.

Papéis: No nosso dia a dia vivemos diferentes papéis e cada papel precisa ser vivido de uma forma determinada. Assim, o papel de irmão é sentido e vivido de forma diferente do papel de pai. O mesmo acontece com o papel profissional como Líder, pares, colaborador, que deverá ter suas distintas nuances. (DRUMOND, 2006).
Segundo Moreno (1975) a definição de papel: “a forma de funcionamento que o indivíduo assume no momento específico em que reage à uma situação específica, na qual outras pessoas ou objetos estão envolvidos” (p.27); “a menor unidade observável de conduta” (p.238). O Role-playing é um recurso que funciona no “como se”, permite que a pessoa “jogue” os aspectos que seu papel profissional requeira e sua possibilidade criativa lhe permita, com isso sua espontaneidade vem com o ato da criação. Visto que cada vez mais as organizações exigem dos colaboradores novos comportamentos, com respostas inéditas e inovadoras, o Psicodrama se propõe a facilitar o aprendizado dessas pessoas.

Para Rosa Krausz (2008) alguns princípios básicos entre Coach e Coachee devem ser seguidos. São eles: Relação contratual – Pré-requisito fundamental, onde o Coach se posiciona como parceiro para alcançar as metas estabelecidas pelo Coachee. Essa relação contratual envolve respeito mútuo, transparência e compromissos com resultados estabelecidos; Comprometimento – Coach e Coachee concordam e se comprometem a assumir a responsabilidade que lhes cabe ao processo; Confiança – É elemento crucial, pois não tem como estabelecer um relacionamento produtivo e com proximidade sem este quesito, que é uma conquista permanente; Confidencialidade – A segurança do sigilo, transparência entre parceiros e ética profissional; Conflito de interesses – Eventuais conflitos deverão ser discutidos abertamente, tendo-se em mente a integridade, proteção e o bem-estar do Coachee; Concentração – Foco na ação e resultados – O trabalho de parceria cria oportunidade ímpar para ampliação de horizontes, análise de metas e ações sob diferentes perspectivas e valores, diversificação de opções, estimula a criatividade , a reflexão e ação para a busca de resultados.

Neste processo, o Coachee é convidado e apoiado a romper com padrões repetitivos de comportamento que o aprisionam, trocando o círculo vicioso, por um círculo virtuoso de desenvolvimento, de descoberta e reconstrução de sua visão de mundo. Diferente do Psicodrama clínico, a abordagem empresarial foca a carreira do indivíduo, seus comportamentos no contexto de trabalho. Tanto o Coaching como o Psicodrama, convida para a ação, é um processo de aprendizado e aprimoramento contínuo. “Mesmo a não ação é uma ação” (MORENO.1975).
Os recursos podem ser aplicados a partir do comportamento do Coachee na sessão – medo, impaciência, euforia, agressividade, indiferença, resistência, etc., podem ser escolhidos diferentes jogos para levá-lo a refletir sobre suas respostas ao mundo. A leitura desse comportamento é feita pelos dizeres e a expressão corporal do Coachee, e a congruência entre ambos
Alguns aspectos que podem ser trabalhados no processo de Coaching grupal: Gestão de Conflitos, Tomada de decisão, Definição de Papeis, Identificação de Competências (Comportamentais), Definição de Carreira, Trabalhar Espontaneidade e Criatividade, Autoconhecimento, Resistências (defesa de suas ideias, ouvir o outro), Feedback (receber e dar feedback e outros.
São três as dimensões utilizadas nos dois processos: Aquecimento, dramatização, compartilhamento e no final é acordada a tarefa até a próxima sessão.
Aquecimento: no início de uma sessão de Coaching, é importante que se estabeleça uma relação de confiança e podemos iniciar com aquecimento específico onde pode ser colocada uma cadeira ou almofadas (no chão) representando o Coachee e os envolvidos naquela situação específica, (dramatização) ou utilizados objetos intermediários como figuras, desenhos ou outros. (DRUMOND, 2006).

O “Homem Moreniano” é um indivíduo social, porque nasce em sociedade e necessita dos outros para sobreviver, sendo apto para a convivência com os demais. E para ele, os recursos do homem são a espontaneidade, a criatividade e a sensibilidade. Foi comprovado através deste estudo que estes recursos trouxeram e trazem inúmeros benefícios à organização, principalmente aos aspectos ligados as competências emocionais. Os profissionais se desenvolvem significativamente, se tornam mais flexíveis, espontâneos, criativos e, com isso, alcançam mais realização pessoal e profissional, o que impacta diretamente nos seus resultados.
Neste estudo, privilegiou-se a abordagem qualitativa como perspectiva metodológica, por se compreender que esta opção, propicia um estudo em maior profundidade dos saberes docentes e de sua realidade. Esta investigação analisa os recursos metodológicos utilizados em grupos de profissionais líderes, envolvendo estudo bibliográfico e estudo de campo, pois entendemos, que são as experiências e as condições de vida, que fornecem ao pesquisador, elementos para a elaboração de conceitos e análise das representações dos sujeitos e da instituição da qual fazem parte.
Como metodologia deste estudo foi estudado um total de 04 grupos em organizações do estado de Santa Catarina, totalizando 26 participantes. Em todos foram aplicados os recursos metodológicos do Psicodrama, num total de 10 encontros cada grupo com duração de 3 horas cada.
Entrar num campo de pesquisa é sempre tarefa complexa, por ser ele desconhecido. Colocar-se como observador e como “intruso” numa realidade diferente e que caminha, a despeito das intenções do pesquisador, é desafiador.

A definição dos critérios de seleção dos sujeitos participantes da pesquisa foi de primordial importância, pois eles nos permitem construir uma análise e chegar à compreensão mais ampla do problema delineado, minimizando assim, as margens de erros e interpretações errôneas. Os principais critérios para a escolha dos grupos e seus participantes da pesquisa foram que: atuassem como profissionais (líderes) colaboradores na empresa; atuassem como líderes por mais do que três anos na mesma empresa; participassem do grupo de Coaching grupal de maneira espontânea e fazer parte deste estudo foi facultativo, no entanto todos os grupos participaram. Baseado nos critérios acima descritos, o investigador social “seleciona pessoas a serem entrevistadas ou documentos para uma pesquisa qualitativa […] de acordo com critérios externos: estratos sociais, funções e categorias” (BAUER; AARTS, 2008, p. 58).

A profissão atual dos participantes (22 líderes) foram líderes das áreas fabril, logística, comercial e financeira. Com relação à escolaridade, todos possuem formação em nível superior, em diferentes cursos como engenharia Mecânica, Elétrica, Administração de Empresas, Tecnólogo em Logística e Ciências Contábeis; todos com especialização em nível de pós-graduação nas áreas afins. Quanto à idade cronológica dos líderes pesquisados, foram de 27 a 47 anos, de ambos os sexos.

Para atingir os objetivos da pesquisa, foi necessária a opção pelos instrumentos de coleta de dados das reuniões de Coaching grupal com observação e aplicação prática dos recursos psicodramáticos. Ainda na base da pesquisa qualitativa, são suas características a flexibilidade e adaptabilidade da pesquisa, facilitando desta maneira os resultados obtidos. A preocupação maior a nortear esta pesquisa foi dispor de um instrumento que se adequasse aos objetivos propostos para este estudo, possibilitando tanto a liberdade de expressão das pessoas envolvidas, como também um eficiente método de análise dos seus dizeres no processo grupal de Coaching grupal.

Após observação e leitura minuciosa dos grupos por meio dos recursos psicodramáticos utilizados no Coaching grupal, procedeu-se à categorização. Para garantir uma análise profunda dos dados coletados, neste estudo, utilizou-se a análise de categorias que surgiram dos estudos teóricos, do estudo da realidade e da correlação entre eles.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa exige uma reflexão sobre seus resultados, de maneira a apresentar considerações finais, enfatizando que eles oportunizam e inspiram novas pesquisas. “Finalizar” um trabalho como este é desafiador, considerando nossa história e a possibilidade de novos caminhos. No entanto ele só foi iniciado para novos estudos e continuidade.
Ao buscar responder à questão problema quais os principais recursos metodológicos do Psicodrama que estão presentes em grupos de Coaching grupal empresarial em quatro empresas do estado de Santa Catarina, queremos pontuar as lições aprendidas durante esta investigação. Nossa intenção para esta pesquisa foi compreender quais os principais recursos metodológicos psicodramáticos utilizados e aplicados nestes grupos. O caminho trilhado permitiu-nos aprofundar a teoria em questão, buscando elementos que nos ajude a compreender e responder aos nossos questionamentos. Dessa maneira, este artigo leva-nos a um processo de construção do nosso fazer psicodramático e o compartilhar de uma experiência vivida.
Com base na análise das respostas dos líderes, percebe-se que, de forma geral, nos grupos foram praticados principalmente os recursos psicodramáticos do solilóquio, inversão de papéis, interpolação, do espelho, role playing e o duplo. Os jogos dramáticos são vistos como uma forma concreta de aquisição de conhecimento, dados e informações. Eles são usados para explicitar a questão a ser trabalhada e a atuação do Coachee no processo e devem buscar a saída saudável ou catarse de integração. A dramatização psicodramática difere da teatral onde o drama encerra a peça em si.

Podemos ressaltar que a essência do Coaching é ajudar o indivíduo a resolver seus problemas e a transformar o que aprendeu em resultados positivos para si e para a equipe de trabalho e para o trabalho em equipe. Assim, seu aprendizado é ampliado para seu grupo de trabalho. O desenvolvimento da espontaneidade e criatividade foi observado nos grupos como resultados dos recursos metodológicos psicodramáticos aplicados nos grupos.

A questão mais evidente que vale ressaltar é a importância dos Coachs, profissionais que coordenam os grupos terem uma formação fidelizada e certificada em Psicodrama e um domínio dos recursos teóricos, práticos e metodológicos (experienciais e profissionais), como prioridade no desenvolvimento dos profissionais de maneira mais humana/humanitária.

A valorização das relações com Coach e grupo de Coachees, momentos de trocas que se fazem necessários nesta fase inicial do individual para o grupal, propiciando segurança e compreensão efetiva do processo de grupo. É preciso ter paciência com o sistema organizacional, ou seja, com a organização precisa interagir com seu colaborador, incentivá-lo para este desenvolvimento que é pessoal e profissional.

Ao buscar responder à questão problema de quais os principais recursos metodológicos do Psicodrama utilizados no Coaching Grupal, se fazem presentes na modalidade organizacional, queremos pontuar as principais lições aprendidas durante este estudo: os recursos metodológicos do Psicodrama no Coaching Grupal podem ajudar profissionais a:

Podemos concluir que os recursos metodológicos do Coaching grupal e o Psicodrama garantem a aquisição do conhecimento em nível intuitivo e em nível intelectual, mas também leva a uma participação maior do indivíduo, permitindo, a condução do grupo como unidade. À medida que o indivíduo (neste caso) evolui é possível perceber que as técnicas dramáticas e de imaginação ativa além de facilitar à ressignificação das vivências, potencializam aspectos de integração, socialização e estilos de conduta, que facilitam a relação com o outro, consigo e com o ambiente.

REFERÊNCIA

ARAÚJO, ANE. Coach: Um parceiro para o seu sucesso. São Paulo, Ed. Gente, 1999.BAUER, M. W.; GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som. Rio de Janeiro: Vozes, 2008. DRUMMOND, Joceli et SOUZA, Andrea. Sociodrama nas Organizações. São Paulo: Agora, 2008.
FONSECA, José. Psicodrama da Loucura: correlação entre Moreno e Buber. Agora, 1980.
GALLWEY, T., 1996. O jogo interior de tênis. São Paulo: Texto novo. ____________., 2000. The inner game of work. New York: Random House.
GOLDSMITH, M., et al., 2003.Coaching: o exercício da liderança. Rio de Janeiro:Campus/DBM, Elsevier.
KRAUSZ, Rosa. R. Coaching Executivo: a Conquista da Liderança. Nobel, 2008.
MONTERIO, Regina Fourneaut (org.) Técnicas Fundamentais do Psicodrama. São Paulo: Editora Brasiliense, 1993.
MORENO, J. L. Psicodrama. São Paulo: Editora Cultrix, 1975.
DI STÉFANO, Rhandy. O Líder Coach: líderes criando líderes. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005.
The International Coaching Federation (IFC), artigos diversos – www.icf.com